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PIONEIRIA

PIONEIRIA 01
PIONEIRIA 02
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PIONEIRIA 04
PIONEIRIA 05
PIONEIRIA 06

Pioneiria é uma técnica utilizada no escotismo para construção de móveis e objetos que utiliza madeira e amarras. Praticá-la foi a forma que encontrei de modificar os espaços que vivencio. Crio um pouco de 'casa', de conforto, de identificação com minhas origens. Algo que remete a uma possível segurança por meio de uma construção própria, inserida em local específico. São cenários que contam histórias através da luz, da textura, das dimensões e cores, onde os personagens passam a existir, à medida que o modificam, ocupando o espaço, sendo flexível, e respondendo às provocações do entorno.  

A sensação é que os objetos são mais do que extensões de meu corpo, quase que desdobramentos deste, em corpos/objetos protéticos. Eu gero seres semelhantes a mim, incluindo as minhas imperfeições, assimetrias, curvas e etc. Ou seja, é realização do encontro de um mundo interior (a imaginação) com o exterior (a matéria), num processo se assemelha à pintura de uma tela – o que está no sublime, no campo das ideias e da consciência, também ganha corpo, assim me enxergo no objeto construído. 

“O exterior somente é entendido quando transformado em interior, e não pensar dessa forma leva a generalizações descabidas. Tudo é valor humano; o espaço não pode ser unicamente exterior, pois é vivido, imaginado, recordado interiormente. ” (BACHELARD, Gaston).

Nesta simbiose do corpo com o espaço, me percebo composta de várias partículas, ao mesmo tempo em que componho organismos maiores, identificando a relação entre o micro e o macro. Construir faz de mim um órgão deste corpo que é o espaço. Eu só construo se estou também me construindo – indissociavelmente.

É o corpo-espaço numa repetição de padrões que partem do meu próprio corpo como uma espécie de mitose. Eu crio esqueletos, são joelhos de sisal, braços e pernas que servem como ferramentas das minhas necessidades naquele determinado momento. O processo de construção se revela completamente ligado a dinâmica de quem se propõe a fazer. É possível se ver no objeto, partindo do princípio de que não existe nada além do gesto e da impressão humana que dispensa a regularidade de máquina. Sou eu e o que está a minha frente. Então construir improvisando intensifica minha sensação de existência pela materialização do meu pensamento.

Ano: 2017

Técnica: Fotografia

Disponível para impressão em FineArt

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